Globe 40

O Milai chegou a Papeete à noite, apenas sete minutos antes do segundo colocado. Fotos: Globe 40

Da Nova Zelândia

ao Taiti

Por Roberto Negraes

Na quarta etapa da volta ao mundo da Classe 40, a vitória foi do veleiro japonês Milai

A terceira etapa da regata de volta ao mundo Globe 40, entre as Ilhas Maurício, no Oceano Índico, e Auckland (Nova Zelândia), provou ser difícil e particularmente competitiva. O final foi épico, com apenas 34 minutos separando os dois primeiros a chegar, após 34 dias no mar.

Com a perna demorando bem mais do que o planejado, as equipes só tiveram no máximo duas semanas para descansar e revisar seus veleiros, após meia volta no mundo. Mas, mesmo assim, repetiram o bom desempenho na quarta perna da competição.

Com barcos muito próximos, foi incrível a chegada do trecho entre Auckland e Papeete (Taiti). O equilíbrio entre o trio de líderes na classificação geral foi novamente a grande atração de mais esta etapa da competição. Se já tivemos um final emocionante no trajeto anterior, na quarta etapa, depois 2.550 milhas de percurso, o veleiro vencedor (o japonês Milai, co-capitaneado por Masa Suzuki e Koji Nakagawa) terminou apenas sete minutos à frente do vice (o AMHAS, dos EUA).

O rival americano estava na liderança, mas faltando apenas 140 milhas para o final, um erro tático da dupla Craig Horsfield e Oliver Bond permitiu a aproximação dos seus adversários. O terceiro a chegar, com Frans Budel e Ysbrand Endt a bordo, foi o barco holandês Sec Hayai, apenas quatro minutos depois do AMHAS! Uma vitória merecida para o skipper japonês Masa Suzuki, que esteve na liderança da segunda etapa, mas perdeu a chance de vitória por ter precisado parar, a fim de reparar danos no mastro.

Uma perna muito tática

Após deixar Auckland, os Classe 40 seguiram um curso direto contra o vento leste durante uma semana, procurando uma mudança de vento quando chegaram a uma vasta zona de alta pressão. Foram dias de pura velocidade, com algumas opções mais ou menos a norte ou a sul do percurso. Então, chegou a hora de virar para fazer uma rota quase direta em direção ao atol de Bora Bora, passagem obrigatória para os competidores, na Polinésia Francesa. Esta etapa foi uma competição exigente em termos de aproveitamento do vento, que variava muito depois da baixa pressão, obrigando a várias mudanças de velas. Por fim, a última parte do percurso, entre Bora Bora e o Taiti, reservou as surpresas inesperadas, como se fosse uma nova largada, com os barcos lado a lado, trocando posições seguidamente entre os três líderes.

Polinésia Francesa — uma grande história marítima

Maior área marítima do mundo sob controle de um único estado, a Polinésia Francesa, com cinco arquipélagos, 118 ilhas e 5,5 milhões de km², oferece uma extraordinária variedade de territórios — Ilhas da Sociedade, Tuamotu, Marquesas, Ilhas Austrais, Gambier... — a partir de onde o povo polinésio, com vasta cultura marítima, estendeu sua influência sobre grande parte do Pacífico, da Nova Zelândia ao Havaí, passando pela Ilha de Páscoa. Muitos grandes velejadores oceânicos, incluindo o francês Eric Tabarly, há muito fizeram dessas águas o seu playground. A regata Globe 40 revive esta grande tradição da região, que nunca havia, até aqui, sediado uma volta ao mundo de veleiros.

O ranking geral permanece aberto

Se o trio líder não mudar na classificação geral, as diferenças vão diminuindo com apenas dois pontos entre uma equipe e outra. A próxima etapa começará no sábado, 26 de novembro, em Matavai Bay, a baía histórica no norte do Taiti, onde todos os grandes exploradores, Cook e Bougainville desembarcaram. Esta nova perna, de coeficiente 3, até ao Cabo Horn será outro grande desafio para as equipes desta primeira edição do Globe 40.

 Classificação na 3ª etapa

1. Sec Hayai (Frans Budel / Ysbrand Endt)

2. Milai (Masa Suzuki / Luca Rosetti)

3. AMHAS (Brian Harris / Kyle Hubley)

4. Gryphon Solo II (Joe Harris / Roger Junet )

5. Whiskey Jack (Mélodie Schaffer / Jeronimo Santos Gonzales 

Classificação na 4ª etapa

1. Milai (Masa Suzuki / Koji Nakagawa)

2. AMHAS (Craig Horsfield / Oliver Bond)

3. Sec Hayai (Frans Budel / Ysbrand Endt)

4. Gryphon Solo II (Joe Harris / Roger Junet)

5. Whiskey Jack (Mélodie Schaffer / Robert Phillips)

Classificação Geral

1. Sec Hayai (Holanda) 17 pontos

2. AMHAS (EUA) 19 pontos

3. Milai (Japão) 21 pontos

4. Whiskey Jack (Canadá) 40 pontos

5. Gryphon Solo II (EUA) 40 pontos

Abandonaram: IBN Battouta Tribute (Marrocos) e The Globe en Solidaire (França).

 

Roberto Negraes