The Ocean Race – 2ª. Etapa

Concentração total a bordo do Holcim – PRB, em disputa apertada pelo primeiro lugar de mais uma etapa da The Ocean Race 2022-23. Foto: © Georgia Schofield | polaRYSE / Holcim - PRB

Emoção

na chegada

Por Roberto Negraes

O veleiro Holcim – PRB venceu a segunda etapa da The Ocean Race, mas não sem ter de brigar até o fim

Comandado pelo francês Kevin Escoffier, o barco Holcim – PRB, da Suíça, num final dramático, conseguiu a vitória da segunda etapa da regata de volta ao mundo The Ocean Race nas últimas milhas. Depois de duas semanas e meia de competição — desde as ilhas de Cabo Verde até a Cidade do Cabo (África do Sul) —, dos cinco veleiros classe Imoca participantes, quatro amanheceram no domingo, dia 13 de fevereiro, separados por menos de três milhas (5,5 km) de distância entre si. Em termos de tempo, uma diferença de apenas 25 minutos de um para outro.

Com a linha de chegada praticamente à vista, nada estava definido sobre quem venceria ou até mesmo formaria o pódio nesta etapa da The Ocean Race. Ninguém ousava apontar quem seria o vencedor. Um final histórico, sem igual, para uma corrida oceânica de estimadas 4.600 milhas (8.500 km).

Uma tentativa “tudo ou nada”, como explicou mais tarde o skipper Boris Herrmann do Team Malizia (Alemanha), resultou infelizmente no “nada” para a equipe alemã. Apesar de ter conseguido mais vento, o ângulo lhe foi prejudicial e o deixou 20 milhas atrasado. Agora restavam os veleiros Biotherm (França), 11th Hour Racing Team (EUA) e Holcim – PRB.

Quando estava a apenas três horas de terminar a etapa, finalmente o suíço Holcim – PRB conseguiu pegar ventos que, embora fracos, sopravam em ângulo mais favorável rumo à linha de chegada, permitindo uma pequena vantagem sobre os concorrentes. Mas a batalha continuou até a Cidade do Cabo.

Foi a segunda vitória consecutiva do Holcim – PRB, que assim se destaca na liderança da The Ocean Race 2022-23. O barco capitaneado por Escoffier chegou 16 minutos à frente do Biotherm, do também skipper francês Paul Meilhat, seguido pelo americano Charlie Enright no comando do 11th Hour Racing Team, que terminou nove minutos depois.

"O Biotherm teve um grande desempenho na noite passada, mas nós sabíamos que tínhamos que seguir no sotavento antes da costa da Cidade do Cabo", explicou o vencedor Kevin Escoffier. "Fizemos muitas trocas de velas e trabalhamos muito para conseguir essa posição. Demorou até estarmos cerca de 40 milhas da linha de chegada para atingir o ponto onde queríamos estar e segurar o resultado até o fim."

O quarto a chegar foi o Team Malizia e o quinto, o Guyot environnement (Team Europa, capitaneado pelo alemão Robert Stanjek) – este foi o primeiro a cruzar a linha do equador, mas no Atlântico Sul escolheu uma tática que não deu certo.

As equipes ficarão na Cidade do Cabo até o dia 26 de fevereiro, quando começa a etapa mais longa da história da regata: 12.700 milhas (23.520 km) até a brasileira Itajaí, em Santa Catarina.

O trajeto desde Cabo Verde

Pouco antes da largada, os ventos alísios “desapareceram”, e restou uma brisa em torno de 4 a 5 nós, perdurando com um pouca variação até a Zona de Convergência Intertropical, onde os ventos dos hemisférios norte e sul se encontram, gerando calmarias e tempestades repentinas — é conhecida também como doldrums, que pode ser traduzido por “marasmo”.

Foi um trecho duro, especialmente para o Guyot environnementTeam Europa, que depois de ter sido o primeiro a escapar dos doldrums tentou seguir num rumo leste, e acabou bloqueado pela Alta de Santa Helena (ou Anticiclone do Atlântico Sul, onde os ventos são fracos).

Na descida do Atlântico, os demais optaram por seguir mais próximos à costa brasileira, e ali pegaram alísios entre 12 a 18 nós, abrindo grande vantagem. Destacavam-se o 11th Hour e o Holcim – PRB, com o Team Malizia sempre próximo.

Foi apenas nas últimas 48 horas antes de Cidade do Cabo que o Biotherm encontrou ventos fortes e juntou-se ao trio dianteiro na batalha final. Daí em diante, os quatro barcos ficaram no visual uns dos outros até a chegada, numa luta inesquecível para os apaixonados por regatas oceânicas.

O Holcim – PRB, vencedor da etapa, navegou as teóricas 4.600 milhas (que se tornaram 5.293 milhas, ou 9.800 km) em 17 dias, 19 horas, 0 minuto e 9 segundos.

Classificação geral da The Ocean Race 2022-23 após a segunda etapa