Globe 40

A Classe 40

ganhando o mundo

Por Roberto Negraes

Começa uma nova saga de circum-navegação!

Depois de três anos de espera e adiamentos (em função da pandemia), teve início a Globe 40, a primeira volta do mundo com escalas para veleiros da Classe 40. A largada ocorreu no porto marroquino de Tânger, no norte da África, no último domingo, 26 de junho. É a primeira vez que veleiros de menores dimensões participam de um evento deste porte. De acordo com o regulamento, cada barco leva a bordo no mínimo dois tripulantes. Estão participando da competição representantes da Holanda, Canadá, Estados Unidos (três barcos), Japão, França e Marrocos, totalizando 18 navegadores de oito países (um dos veleiros americanos tem três tripulantes).

Antes do início oficial da regata, em 11 de junho passado, ocorreu outra largada na cidade francesa de Lorient, mas desta feita comemorativa, em moldes extraoficiais. Na ocasião, a flotilha de sete barcos desfilou perante um bom público antes de deixar a costa francesa rumo ao continente africano. Esta travessia de Lorient para Tânger não teve validade efetiva, sendo apenas uma festa de despedida do local onde estava a base da organização do evento.

A escolha de Tânger para o início e a chegada oficiais da Globe 40 atende mais a um objetivo histórico, e deve-se ao fato desta cidade portuária, localizada estrategicamente ao sul do estreito de Gilbraltar, ser considerada por séculos como a porta de entrada marítima para o continente africano. É uma das mais antigas cidades do norte da África. Pela primeira vez, uma importante regata de circum-navegação tem início no continente africano.

Anunciada pela primeira vez em 11 de junho de 2019, a realização da Globe 40 deveria ter ocorrido em 2020, porém sofreu seguidos atrasos, principalmente em função dos problemas mundiais causados pela pandemia. Assim, somente três anos após o anúncio do projeto, esta aventura épica finalmente teve início, depois de ansiosamente aguardada por dois anos pelos aficionados da vela.

Graças a uma boa largada, a equipe do Canadá, no Whiskey Jack, com Mélodie Schaffer e Gary Jacques, tomou a frente de seus rivais logo após o tiro de partida. A dupla mostrou um bom entrosamento, embora tenha sido ultrapassada pouco mais tarde pelos donos da casa. Desse modo, o dia típico da região, banhado a sol e com ventos regulares, ofereceu momentos de glória para a tripulação marroquina do IBN Battouta Tribute, com Simon Boussikouk e Omar Bensendikk, que, ultrapassando os líderes, tornou- se a alegria da multidão que tomava as areias das praias de Tânger. O barco marroquino foi o primeiro a desaparecer depois de uma ponta que marca os limites marítimos da cidade. Mas muito perto estavam os dois barcos dos EUA, Amhas e Gryphon Solo II, em segundo e terceiro lugares. Destacou-se também o excelente desempenho da equipe holandesa Sec Hayai, que dominou o percurso costeiro inicial até sofrer problemas no gennaker.

O fato é que, pouco depois, os Classe 40 começaram uma disputa por posições como se estivessem numa regata triangular, e não numa volta ao mundo! O resultado foi uma colisão entre a equipe canadense do Whiskey Jack e a francesa no The Globe en Solidaire ao cruzarem seus rumos. Azar dos franceses, que tiveram de retornar ao porto para reparos, ficando atrasados em relação aos demais.

Após 48 horas da largada, os japoneses do Milai lideravam, com os holandeses, depois de repararem a gennaker do Sec Hayai, os acompanhando de perto. Em terceiro vinha o barco americano Amhas.

Os competidores

Milai, de Masa Suzuki e Koji Nakagawa (Japão)

Sec Hayai, de Frans Budel e Ysbrand Endet (Holanda)

Amhas, de Micah Davis e Brian Harris (EUA)

Whiskey Jack, de Mélodie Schaffer e Gary Jacques (Canadá)

Gryphon Solo II, de Joe Harris e Roger Junet (EUA)

The Globe en Solidaire, de Eric Groslaude e Léo Grosclaude (França)

IGN Battouta, de Simon Boussikouk e Omar Bensenddik (Marrocos)

O veleiro

IGN Battouta, o barco marroquino

O Classe 40 é um barco de tamanho intermediário em termos de regatas offshore. Na França, é tido como a porta de entrada para os velejadores que almejam competir com os Imoca na Vendée Globe e outras regatas oceânicas de longo curso.

Comprimento: 12,12 m

Boca: 4,50 m

Deslocamento máximo: 4.500 kg

Área vélica total: 1125m²

O uso de hidrofólios é proibido, bem como materiais exóticos (como fibra de carbono e kevlar). Atualmente, existem mais de 170 unidades destes veleiros, de diferentes projetos, contudo, obedecendo ao desenho básico da classe).

As etapas da Globe 40

Tânger (Marrocos) a Cabo Verde

De Cabo Verde às Ilhas Maurício

Das Ilhas Maurício a Auckland (Nova Zelândia)

De Auckland ao Taiti (Polinésia Francesa)

Do Taiti a Ushuaia (Argentina)

De Ushuaia a Recife (Brasil)

De Recife a Granada

De Granada a Lorient (França)