Não economize amarra!

Confira esta e outras dicas…

Foto: Jassim Vailoces - Unsplash

… para um fundeio perfeito

Fundear é bem mais que simplesmente chegar a um local e jogar a âncora. Veja — e guarde — estes procedimentos fundamentais para a segurança do seu barco e dos vizinhos, apontados por nosso capitão Álvaro Otranto

Aproxime-se do local de fundeio em baixa velocidade, saindo do planeio a uma boa distância. Evite “trazer” marola com você, causando desconforto ou mesmo avarias para os barcos ao seu redor — e às vezes para seu próprio barco, coisa muito comum de acontecer.

Para identificar o melhor ponto para largar o ferro, utilize o plotador em sua menor escala e, em paralelo, a sonda ou ecobatímetro. Às vezes, o relevo do fundo permite soltar a amarra no sentido do fundo para o raso, o que aumenta as chances de uma boa pega.

Preste atenção às embarcações nas proximidades. Prefira posicionar-se junto a barcos de porte semelhante ao seu; e fique longe dos veleiros, que normalmente precisam de mais espaço para manobrar.

Observe a direção do vento e aproe como todos os outros, com atenção ao raio de giro dos seus vizinhos: numa provável mudança de maré, todos poderão girar.

Foto: Alfonso Escu - Unsplash

Foto: Alfonso Escu - Unsplash

Não esqueça que o direito é de quem já estava ancorado. Então, não largue sua âncora sobre a corrente de outros barcos, coisa bastante comum em fundeadouros apertados ou muito procurados, em vários pontos de nosso litoral.

Se for adotar o método comunitário, de vários barcos amarrarem a contrabordo uns dos outros, certifique-se de que a âncora pertença ao maior barco, que seja a maior âncora e que tenha feito um bom e seguro fundeio — já vi barcos sendo arrastados (garrando) em conjunto, e foi feio.

A maioria das lanchas fabricadas no Brasil usa âncoras do tipo Bruce, que não é das que melhor seguram (unham) no fundo,por serem geralmente muito leves; porém, para fundeios de curta duração em areia e mesmo lama, costumam resolver.

Para saber se unhou, observe se a âncora retém o barco, dando toques na marcha a ré.

É bastante comum barcos engatarem a marcha a ré imediatamente após largar a âncora, sem mesmo esperar que o ferro chegue ao fundo. Com isso, às vezes, aproximam-se demasiado de outros barcos ou mesmo da margem.

Caso a área onde fundeou receba ondulação de mar aberto ou sofra grande influência de altura de maré, esteja atento para que os solavancos não acabem soltando sua âncora do fundo.

Alguns barcos largam pouca amarra, e muitas vezes são arrastados quando o vento aumenta. Portanto, largue a quantidade necessária de amarra (leia atentamente o quadro abaixo).

Foto: Lucas Favre - Unsplash

Afinal, quantos metros de amarra?

Atenção: a prática comum de largar amarra com comprimento equivalente a três vezes a profundidade do local onde se vai fundear só vale para barcos com amarra de corrente e para fundeios diurnos temporários. Caso pretenda permanecer por muitas horas ou mesmo pernoitar, o correto é procurar um local mais afastado da margem, seja ela de praia ou pedras, e largar, no mínimo, cinco vezes a profundidade do local.

Caso sua amarra seja mista de corrente e cabo, deve ser maior: sete ou oito vezes a profundidade. Porém, se houver a expectativa da chegada de ventos fortes, largue dez vezes a profundidade. Não economize!

Pode parecer excesso de zelo, mas não é. A quantidade de amarra no fundo irá auxiliar na resistência de sua âncora, porque, dependendo do vento e das marolas, o barco pode garrar, trazendo risco aos passageiros e à embarcação.

Foto: Clayton Cardinalli

Foto: Clayton Cardinalli

Atenção à sinalização

Durante o dia, a regra manda que seja içado um balão à proa de todos os barcos fundeados, mas essa prática é extremamente rara no Brasil. Fora daqui, todos fazem — e não somente as embarcações comerciais e de pesca, como aqui.

Algo muito comum também é encontrarmos, durante a noite, barcos fundeados que mantêm as luzes de navegação acesas. Sabemos que o fundeio se sinaliza com uma única luz branca circular no ponto mais alto do barco. Porém, alguns estaleiros ligam em um só interruptor as luzes de fundeio e de navegação. Se for esse o seu caso, corrija a instalação das luzes do barco, para não atrapalhar a manobra de outros que se aproximem de você à noite.

Outro erro é utilizar luzes estroboscópicas piscando no lugar da luz fixa de fundeio (comum em veleiros) ou por barcos de grande velocidade, cujos donos consideram que devam utilizá-las. Jamais faça isso, já que a finalidade desse tipo de luz é tão somente indicar um pedido de socorro.

Acompanhe o Alvaro Otranto:

http://capotranto.blogspot.com.br

Saiba mais em aprendendo-a-navegar/mares e nestas videodicas:

Qual o material certo para o cabo da âncora?

Quantos metros de corrente?

Como proteger a proa do atrito com a corrente e o cabo da âncora