Marinha fabricará respiradores

Visita do reitor Vahan Agopyan (terno azul) e pesquisadores da Poli ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, na Cidade Universitária. Fotos: Cecília Bastos - USP Imagens

Visita do reitor Vahan Agopyan (terno azul) e pesquisadores da Poli ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, na Cidade Universitária. Fotos: Cecília Bastos - USP Imagens

USP e Marinha do Brasil

preparam-se para produzir ventiladores pulmonares

Por Erika Yamamoto - Jornal da USP

A previsão é que os primeiros aparelhos possam ser distribuídos nas próximas semanas

A USP e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) estão se preparando para iniciar a produção em escala do ventilador pulmonar emergencial Inspire, desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da Escola Politécnica (Poli).

Na manhã de hoje, dia 8 de maio, o reitor Vahan Agopyan, a diretora da Escola Politécnica, Liedi Legi Bariani Bernucci, e os professores Raul Gonzalez Lima, Marcelo Knörich Zuffo e Dario Gramorelli visitaram as instalações do Centro Tecnológico que estão sendo preparadas para iniciar a produção.

O Inspire é um ventilador pulmonar emergencial de baixo custo, que pode ser produzido em até duas horas, com tecnologia nacional, sendo mais barato dos que os aparelhos disponíveis no mercado.

O diretor do Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo, capitão de mar e guerra Paulo Henrique da Rocha, apresentou a estrutura de produção que já está montada. Nos próximos dias terão início os testes de produção para o primeiro lote. A previsão é que em duas semanas os primeiros aparelhos possam ser distribuídos.

A estimativa inicial é que o CTMSP tenha capacidade para produzir entre 25 e 50 ventiladores pulmonares por dia, e essa capacidade poderá ser ampliada caso haja necessidade.

A diretora da Poli, Liedi Legi Bariani Bernucci, aproveitou a ocasião para agradecer o apoio logístico que a Marinha tem prestado, especialmente na distribuição de 3 mil face shields — protetores faciais utilizados como equipamentos de proteção individual (EPI) — produzidos pela escola e entregues gratuitamente a hospitais públicos.

Inspire

A ideia de desenvolver um ventilador pulmonar de baixo custo, livre de patente, de rápida produção e com insumos nacionais surgiu ainda em março. O Projeto do Ventilador Pulmonar Inspire foi criado com o objetivo de oferecer uma alternativa para suprir uma possível demanda emergencial do aparelho causada pela pandemia da covid-19.

Desde então, uma equipe multidisciplinar de pesquisadores da Poli, coordenada pelos professores Marcelo Knörich Zuffo e Raúl Gonzalez Lima, tem trabalhado para viabilizar o Inspire.

Em abril, o projeto foi aprovado nas etapas finais de testes, realizadas com quatro pacientes do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O respirador foi considerado aprovado em todos os modos de uso e não houve nenhum problema com os pacientes ventilados.

O projeto também tem a participação de pesquisadores de diversas unidades da USP e outras instituições, e conta com doações de parceiros da iniciativa privada. O aparelho foi registrado com uma licença open source, que permite a qualquer pessoa ou empresa acessar o protocolo de manufatura e fabricá-lo, bastando, para tanto, obter uma autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Parceria USP e Marinha

A visita do reitor ao Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo acontece exatamente no dia em que a Universidade e a Marinha completam 64 anos de parceria.

O convênio teve início em 1956, quando a Marinha decidiu se associar a uma grande universidade para que suas pesquisas na área de ciência e tecnologia fossem conduzidas por uma instituição acadêmica civil. A parceria resultou na criação do primeiro curso de Engenharia Naval do país, oferecido pela Poli. Ao todo, já foram formados mais de 500 oficiais engenheiros para a Marinha e cerca de dois mil engenheiros navais civis.

As pesquisas desenvolvidas em conjunto resultaram na incorporação de inovações por parte da Marinha e de empresas que atuam no setor naval ou na região oceânica. Entre os avanços obtidos estão o desenvolvimento do primeiro computador brasileiro, o Patinho Feio, ainda no começo da década de 1970; a evolução na área de construção de reatores e segurança nuclear; o avanço em automação e controle promovido pelo desenvolvimento de inovações necessárias para as fragatas e corvetas; e o conhecimento produzido pelo Tanque de Provas Numérico (TPN) e sua estrutura de simulação.